Aparelho queima região cancerígena por meio de radiofrequência. Grupo também propõe projeto para facilitar monitoramento de equipamentos hospitalares

Arquivo Pessoal

 

Duas iniciativas desenvolvidas por um grupo de pesquisa do Laboratório de Engenharia Biomédica da UnB podem contribuir para o sistema de saúde pública do país. O projeto Sofia tem como objetivo queimar células de câncer no fígado e o Vera facilita o monitoramento dos equipamentos em hospitais. As pesquisas são coordenadas pela professora Suélia Fleury, do Departamento de Engenharia Elétrica, e conta com a participação de outros docentes e alunos da Universidade.

 

O professor Mario Rosa, integrante do grupo, explica que o aparelho desenvolvido no projeto Sofia queima a região cancerígena aplicando radiofrequência. “O equipamento permitirá programar totalmente o procedimento cirúrgico, com interface touch screen, facilitando a entrada de dados e a própria programação”.

 

O equipamento utiliza sistema de agulhas que emitem calor para destruir as células prejudiciais, de forma pouco invasiva, e pode ser aplicado em tumores de até 5 centímetros de diâmetro. O sistema de abalação hepática já existe no exterior, no entanto, a importação dos equipamentos é cerca de 20 vezes mais cara que a fabricação do protótipo no laboratório da UnB.

 

Foto: Arquivo Pessoal

O grupo fez testes em fígados bovinos, que demonstraram a precisão do aparelho, e em fígados sadios de porcos vivos. Segundo Mario Rosa, os próximos passos são conseguir o visto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e testar o funcionamento do equipamento em conjunto com o sistema hospitalar. “A comercialização pode começar em cerca de três anos.”

 

Já o Vera é um projeto de integração entre um software de monitoramento remoto com equipamentos de diversos ambientes hospitalares. Dessa forma, a assistência técnica consegue identificar problemas a distância. “A tecnologia evita o gasto de tempo e dinheiro com empresas de manutenção, no caso de problemas simples que poderiam ser resolvidos no hospital”, explica Mario.

 

Tanto o Sofia quanto o Vera contam com apoio financeiro do Ministério da Saúde (MS) e devem ser usados para a cobertura de tratamentos do Sistema Único de Saúde (SUS).