Pesquisadora da UnB, contemplada pelo Prêmio Capes de Tese 2015, propõe novos valores para coeficiente normativo utilizado internacionalmente na construção civil, em estruturas de concreto armado


Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

Assegurar maior eficiência estrutural às construções civis que adotam o sistema de lajes lisas e, com isso, garantir seu comportamento estável, resistente e mais econômico, por evitar desperdícios. Esse foi o objetivo do trabalho de doutorado desenvolvido por Nívea Albuquerque na Universidade de Brasília (UnB), que concorre ao Grande Prêmio Capes de Tese.


Essa é a segunda etapa do Prêmio Capes de Tese 2015, que condecorou sete trabalhos da UnB em setembro. Participam da última fase as pesquisas reconhecidas como melhor tese em Ciências Biológicas, Exatas e Humanas. Das 48 assim classificadas, apenas três serão contempladas.


Sob o título Comportamento das ligações de lajes lisas de concreto armado com pilares de borda sujeitas a excentricidades interna e externas, o trabalho de Nívea foi a melhor tese na área de Engenharias I. Ela acompanhou ensaios realizados em 13 modelos de ligações de lajes lisas, feitos de concreto armado com pilares de borda, e estudou analítica, numérica e experimentalmente a resistência e o comportamento dessas ligações sob diferentes variáveis e intensidades de carga.


A ideia era obter dados para análise e compreensão dos mecanismos envolvidos na transferência de carga dessas ligações e verificar, também, a variação de parâmetros, como as armaduras longitudinal de flexão, transversal de cisalhamento e torção, tipos de estruturas que provocam efeitos diferentes no comportamento da ligação.

 

Nívea Albuquerque acompanhou testes em 13 modelos de ligações de lajes lisas. Foto: Arquivo Pessoal

"A contribuição mais tangível desse trabalho para o meio técnico-científico foi a proposição de novos valores para um coeficiente normativo, que é função dos esforços transmitidos à ligação entre a laje e o pilar", explica a agora doutora Nívea Albuquerque. Esse coeficiente é adotado nacional e internacionalmente. "Mas seus valores demonstraram ser excessivamente conservadores para o caso de excentricidades externas em ligações de borda", afirma.


Segundo Nívea, as normas técnicas, como diretrizes para os engenheiros projetistas, devem orientar com informações e regulamentos que visem principalmente à segurança estrutural, mas também devem evitar soluções antieconômicas. "Entendo que o maior retorno do meu estudo para a sociedade será assegurar a maior eficiência estrutural às construções que adotam o sistema de lajes lisas, garantindo seu comportamento estável e resistente, mas sem desperdícios", estima a engenheira.


O tema da pesquisa foi sugerido a partir de cooperação científica internacional entre a Inglaterra (Polytechnic of Central London e Imperial College) e o Brasil (Universidade de Brasília). Nívea, que é de Belém (PA), veio para a capital federal para cursar o doutorado. Ela ressalta os desafios para realizar a pesquisa, principalmente devido à dificuldade do assunto e à escassez de dados e análises similares.


"Eu vim para Brasília motivada por esse vínculo e aqui tive a oportunidade de executar meus ensaios experimentais no Laboratório de Estruturas (LABEST) da UnB e, em seguida, passar um ano no Imperial College London. Tive bastante trabalho, mas também a colaboração de muitas mãos que ajudaram a 'pegar no pesado' e muitas mentes que me guiaram, dando ideias, me elucidando e me despertando para o pensamento científico. A colaboração de muitos culminou na tese", conta a finalista do prêmio.

 

Concreto durante um dos testes realizados no Laboratório de Estruturas da UnB. Foto: Arquivo Pessoal

Orientador do trabalho, Guilherme Sales Melo destaca que a grande contribuição da tese é trazer melhor entendimento para um tipo de ligação entre lajes e pilares, para que as edificações possam ser construídas com mais segurança e economia. "É uma grande honra estar concorrendo ao prêmio. Mas a maior conquista para um orientador é ver o trabalho ser bem desenvolvido, chegar ao final e constatar o crescimento e o amadurecimento dos alunos no aspecto acadêmico, profissional e pessoal", avalia o professor.


CERIMÔNIA – A premiação, marcada para ocorrer no dia 10 de dezembro, na sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em Brasília, abarcará o Prêmio Capes de Tese e o Grande Prêmio Capes de Tese. Serão concedidos, ainda, pela parceira Fundação Carlos Chagas, valores em dinheiro aos vencedores nas áreas de Educação e de Ensino e àqueles que receberam Menção Honrosa em cada uma delas.


O Prêmio Capes de Tese consiste em certificado de premiação ao orientador, coorientador(es) e ao programa em que foi defendida a tese; certificado de premiação e medalha para autor; auxílio equivalente a uma participação em congresso nacional para o orientador, no valor de R$ 3 mil; bolsa para realização de estágio pós-doutoral em instituição nacional de até três anos para o autor da tese, podendo converter um ano em estágio pós-doutoral fora do país em uma instituição de notória excelência na área de conhecimento do premiado.


O Grande Prêmio Capes de Tese emitirá certificado de premiação ao orientador, ao coorientador e ao programa em que foi defendida a tese; certificado de premiação e medalha para autor; auxílio equivalente a uma participação em congresso internacional para o orientador, no valor de R$ 6 mil; bolsa para realização de estágio pós-doutoral em instituição nacional de até cinco anos para o autor da tese, podendo converter um ano em estágio pós-doutoral fora do país em uma instituição de notória excelência na área de conhecimento do premiado; e 15 mil dólares para o premiado, concedidos pela Fundação Conrado Wessel.


A UnB ainda concorre ao prêmio da Capes com tese de doutorado defendida na Faculdade de Ciência da Informação, sobre segurança para obras raras no Brasil.