Ao ensejo das comemorações de mais um Dia Internacional de Educação, a primeira ideia que me ocorre é a de que todos os dias deveriam ser de educação.

E porque isso? Como certa vez afirmou o historiador Arnold Toynbee, esta é a primeira geração, desde o início da história, na qual a humanidade ousa acreditar na possibilidade de colocar os benefícios da civilização ao alcance de todas as pessoas.


Porém, ao mesmo tempo em que é possível imaginar essa utopia, constata-se a primazia de um modelo de desenvtodolvimento que gera e amplia a exclusão. Um modelo de desenvolvimento que separa o mundo em “duas humanidades” para usar a oportuna expressão de Souza Martins. Por um lado, uma humanidade constituída de integrados; por outro, uma sub-humanidade, penalizada por insuficiências e privações. As pessoas dessa sub-humanidade, continua Martins, são tratadas como cidadãos de segunda classe e para eles a justiça não existe.


É diante desse quadro que sobressai a importância da educação, não somente para ser comemorada numa data específica, mas que se faça presente todos os dias em todos os lugares e situações, seja por intermédio de processos formais, com o também pelas vias não formais e informais.


Nesse sentido, procede a proposta de Brasil Pátria Educadora, como um lema sem fronteiras que possa gradativamente tornar-se lugar comum para na vida das  pessoas e instituições, sobretudo as instituições públicas que tem o dever ético e moral  de serem exemplos de atuação em prol do bem coletivo.


Bons exemplos, nos planos individual e público continuam a ser instrumentos valiosos para a formação de mentes lúcidas, tão necessárias para a construção de cenários mais justos de equitativos.


Por esse caminho, os dois mundos da humanidade incluída e excluída poderão reduzir as barreiras que os separam, cabendo a educação em sentido amplo e pelas vias regulares e formais, preparar uma nova geração dotada de ideais éticos e morais para enfrentar os desafios do nosso tempo, destacando-se entre eles o imperativo da luta por modelos de desenvolvimento inclusivos que sejam reconhecidos e tenham credibilidade em todos os segmentos sociais.


Desse cenário derivam a relevância das políticas de estado. Só o Estado tem condições de reduzir as desigualdades e derrubar o muro que separam as duas humanidades. A educação pode ajudar, mas por si só ela não opera milagres. Os milagres dependem de uma visão sistêmica do desenvolvimento.


Desse modo, no Dia Internacional da Educação, importa chamar a atenção para o fato de que uma educação de boa qualidade para todos depende de uma visão integrada dos vários “brasis”.  Como salientou o sociólogo argentino Juan Carlos Tedesco, a equidade é um fenômeno sistêmico. A educação não poderá promover a equidade, se o restante das variáveis promoverem a iniquidade.


Portanto, é preciso inverter a equação e não somente pensar a educação como um fator de equidade, como também colocar em discussão qual o mínimo de equidade necessária para que haja educação de boa qualidade.


Todavia, mesmo que a educação por si só não possa produzir milagres, ela pode contribuir para o fortalecimento da luta contra as desigualdades e assimetrias. Seu efeito redistributivo não é desprezível. Ela pode contribuir para a instauração de um clima de renovação, tornando-se imperativo nessa direção que todos os ocupam postos de responsabilidade na área da educação coloquem em suas agendas diárias a prioridade da educação e, por conseguinte, a prioridade das metas previstas pelo Plano Nacional de Educação.

 

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