A professora Paula Diniz Galera, do departamento de Medicina Veterinária, vai apresentar cinco pesquisas na 44ª edição da Conferência da Associação Americana de Oftalmologia Veterinária (ACVO, sigla em inglês), considerada o mais importante evento da oftalmologia veterinária mundial.

A conferência acontece entre 4 e 9 de novembro, em Porto Rico, nos Estados Unidos. Todos os trabalhos enviados pela docente foram aceitos pela comissão do evento. Os projetos foram desenvolvidos por pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Oftalmologia Veterinária (Geov/UnB), credenciado no diretório de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As pesquisas foram orientadas pela professora Paula Galera, que coordena o Geov há dois anos. Os trabalhos incluem um relato de caso sobre infecção sistêmica, uma pesquisa sobre a utilização de teste de cristalização lacrimal em cães e equinos e três artigos sobre superfície ocular.

Mariana Costa/UnB Agência

A qualidade do que está sendo produzido no Brasil tem melhorado, e isso se deve às participações dos pesquisadores em eventos e pesquisas", defende Paula. A professora acredita que encontros de grande porte, como o ACVO, são responsáveis pelo intercâmbio de conhecimento entre profissionais de diversas partes do globo. Segundo Paula Galera, "é uma grande oportunidade de inserção das pesquisas brasileiras no cenário mundial".


PESQUISA -
O artigo Efeitos da injeção de frações de célula mononuclear da medula óssea na superfície ocular de cães com conjuntivite seca foi desenvolvido como dissertação de mestrado de Rômulo Peixoto, defendida no início do mês passado. "O intuito era oferecer uma nova alternativa terapêutica para o tratamento clínico de conjuntivite seca", explica Rômulo.


A conjuntivite seca acomete cães de várias raças e ainda não tem cura. A doença causa inflamação nos olhos, seguida de vermelhidão, excesso de secreção e costuma prejudicar a córnea do animal. O tratamento, desenvolvido por Rômulo e pela professora Paula, prevê a injeção de células-tronco do próprio animal na glândula lacrimal da terceira pálpebra, localizada próxima ao globo ocular canino.


O tratamento tem funcionado. "Uma chow-chow de 12 anos utilizava sete colírios, dez vezes ao dia. Depois do tratamento, ela passou dois meses sem precisar de medicamentos", conta o estudante. O problema é que a conjuntivite seca é uma doença imunomediada, ou seja, o sistema imunológico (de defesa) do animal destrói as próprias células do corpo. A doença não se estabiliza. Depois de um tempo, em todos os casos do tratamento com células-tronco, a conjuntivite seca voltou. "No caso da chow-chow ela voltou de uma forma mais branda", conta. 


“Há vinte anos essa doença era um mistério. Nós estamos caminhando”, defende Rômulo. O próximo passo será acrescentar à pesquisa alguns tratamentos já consolidados. Os pesquisadores pretendem trabalhar com associação de terapias. Segundo Rômulo Peixoto, a intenção é somar ao enxerto de células-tronco, que repara a glândula, o uso de pomadas imunomoduladoras, para estabilizar o processo e conter a doença.