Após a criação de aulas a distância para alunos com deficiência visual do ensino médio do DF, grupo de pesquisa da TAAAI agora elabora guias para desenvolvedores web e profissionais da educação.

“A grande questão para ser deixada é que a acessibilidade dá a possibilidade para que todos possam participar plenamente de uma disciplina rica em conteúdos”, define a professora da Faculdade de Educação da UnB, Patrícia Neves Raposo. Deficiente visual, ela sempre atuou com educação inclusiva dentro da universidade e conta sobre o atual momento do trabalho do seu grupo de “Tecnologia assistiva para acessibilidade de deficientes visuais a ambientes virtuais de aprendizagem”, uma das frentes de pesquisa do Núcleo de Tecnologia Assistiva para Acessibilidade, Autonomia e Inclusão (TAAAI) da UnB.

Essa equipe, hoje, constrói um novo modelo de ensino a distância: “Temos o protótipo de disciplina acessível já testada nos quesitos de usabilidade e navegabilidade por grupos das áreas de engenharia de redes e ciência da computação e de alunos deficientes visuais do ensino médio da Secretaria de Educação do Distrito Federal”, diz Patrícia.

A professora destaca que a metodologia ganhou boa aceitação até mesmo de alunos sem necessidades especiais. “Uma aluna fez uma pesquisa sobre a organização da disciplina com alunos que não sabiam que estavam diante de uma prática inclusiva, e o retorno foi uma aceitação muito positiva”. Agradou a eles a forma de apresentação, os recursos utilizados e a organização hierárquica dos conteúdos. “Nossa preocupação inicial era tornar mais simples possível a disciplina, porém, foram utilizadas muitas imagens, vídeos, áudios, descrições...”. 

Rafael Matos
Professora Patrícia Raposo: trajetória dedicada à educação inclusiva

SUPERAÇÕES E DESAFIOS - Todo o trabalho desenvolvido deste subprojeto integrante da TAAAI começou a partir de um desafio profissional dado à docente. Patrícia já era professora da matéria Educando com Necessidades Educacionais Especiais da Faculdade de Pedagogia. Com a chegada da Universidade Aberta do Brasil (UAB), ela foi convidada a ministrá-la no módulo a distância. E o desafio foi duplo, tanto pela sua atuação por não enxergar dentro de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), como por garantia da acessibilidade em qualquer espaço virtual.

Suas primeiras dificuldades, junto a sua equipe, à época que ingressou na UAB, foram organizar as atividades em que ela própria conseguisse utilizar e acompanhar os recursos do Moodle. “Foi um grande obstáculo... aqueles arquivos absolutamente visuais, sem nenhuma descrição”. Hoje, a Faculdade de Educação dispõe de recursos de leitores de tela da TAAAI. Patrícia lembra que esta experiência foi muito rica por levar todos os envolvidos a uma questão muito importante. “Na verdade, não foi só uma adequação do ambiente virtual de aprendizagem, mas uma formação profissional para que os educadores utilizassem os espaços de aprendizagem de forma acessível”.

Paralelo ao trabalho desenvolvido na TAAAI para acessibilidade em AVAs dentro da universidade, uma equipe da Diretoria de Ensino de Graduação a Distância (DEGD) está concluindo um espaço de estudo e pesquisa sobre o tema.

Em meados de abril, o espaço “Acessibilidade: Materiais didáticos e Moodle” estará disponível à comunidade acadêmica da UnB, onde será possível conhecer mais sobre a produção de materiais didáticos acessíveis.