Pesquisador foi indicado ao Nobel de Física por desenvolver diagrama que leva seu nome e serve como base para estudos sobre as menores partículas conhecidas na ciência.

Um triângulo com três círculos em cada extremidade. O desenho aparentemente simples faz parte da fundação da física de partículas, que move bilhões de dólares em projetos como o Grande Colisor de Hádrons, o maior acelerador de partículas do mundo. Desenvolvido por Jayme Tiomno, físico brasileiro morto no início deste ano e um dos fundadores da Universidade de Brasília, o diagrama serve de base para o estudo dos quarks, as menores partículas conhecidas na ciência.


Desenhado por John Wheeler, um dos pais do Projeto Manhattan, que criou a bomba atômica, o diagrama consagrou o físico. Por esse triângulo, chamado de Tiomno-Wheeler, o pesquisador foi indicado ao prêmio Nobel de Física em 1987. “Sempre pensei em Tiomno como um dos físicos mais subestimados da história”, disse Wheeler, com quem Tiomno trabalhou durante a pós-graduação, nos Estados Unidos.


Jayme Tiomno foi um dos descobridores da força fraca, que atua nas pequenas partículas atômicas. O diagrama demonstra a universalidade dessa força, que atua tanto na interação entre o próton e o nêutron, como entre o elétron, o neutrino e os múons. “A grande sacada foi reunir em um mesmo modelo essas partículas que, na época, surgiam para a ciência”, explica Clóvis Maia, professor do Instituto de Física da UnB.


Tiomno é o grande homenageado do I Simpósio Jayme Tiomno, que acontece nos dias 27 e 28 de outubro, no auditório do Centro de Física da Matéria Condensada, na UnB. A viúva de Tiomno, Elisa Frota, professora da UnB reconhecida internacionalmente, também será homenageada durante a abertura do encontro. Além de debates sobre estudos posteriores aos de Tiomno, haverá plenárias sobre a vida e obra do pesquisador e uma mesa redonda lembrando o papel que o físico exerceu na história de fundação do Instituto de Física.


DEMISSÃO –
 Tiomno concluiu a graduação em 1941, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, ainda chamada Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1948, ganhou uma bolsa de estudos na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, onde obteve o Ph.D. em meados de 1950. Antes, participou da fundação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e da Sociedade Brasileira de Física.


Já reconhecido internacionalmente por suas pesquisas, Tiomno foi convidado por Darcy Ribeiro e Roberto Salmeron para fundar o Instituto de Física. O pesquisador chegou à UnB no final de 1964. Sete meses depois, integrou grupo de 223 de professores que se demitiram em resposta à demissão de outros 15 professores. “Ele não se definia como de direita nem de esquerda”, lembra o professor Clóvis Maia.


O organizador do Simpósio, professor Marcos Maia, do Instituto de Física, lembra que Tiomno foi um dos fundadores do binômio ensino e pesquisa nas universidades brasileiras. “Era um grande orientador”, define. “A participação durante sete meses em 1965 nas atividades e na construção da Universidade de Brasília, à frente do Instituto Central de Física, foi a experiência mais estimulante de minha carreira universitária”, escreveu em um discurso inaugural na Universidade de São Paulo.


Leia aqui o discurso na íntegra.

 

Tiomno morreu no dia 12 de janeiro de 2011 no Rio de Janeiro, onde nasceu e começou sua carreira como físico.


As inscrições para o encontro estão abertas e já há 70 inscritos.


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