Akira Suzuki simplificou o preparo de ligação de átomos de carbono há mais de 30 anos.

Você já ouviu falar de Akira Suzuki? Ganhador do Prêmio Nobel de Química em 2010, ele criou a Reação de Suzuki, que simplifica a preparação da ligação entre átomos de carbono. A descoberta foi realizada em 1979 e até hoje é usada na produção de moléculas orgânicas para medicamentos, especialmente contra o câncer. Suzuki participará do 14th Brazilian Meeting on Organic Synthesis, no hotel Royal Tulip, que começa em 1º de setembro, e fará uma palestra para a comunidade da UnB, no Instituto de Química, em 31 de agosto.


Akira Suzuki dividiu o prêmio com Richard Heck e Ei-ichi Negishi, também laureados por pesquisas de ligação entre átomos de carbono catalisadas pelo metal paládio. Suzuki descobriu que era possível fazer a ligação carbono-carbono, com uma ligação carbono-halogênio e outra ligação carbono-boro, o que permitiu que a reação ficasse mais geral, ou seja, pudesse ocorrer em diversos meios com diferentes substratos. Além disso, os resíduos da reação, derivados de ácido bórico, são muito menos poluentes do que as substâncias geradas pelas reações feitas antes da descoberta de Suzuki.


Basicamente, o que o professor Suzuki fez foi reduzir o tempo e os elementos da reação. “Ele usa composto de boro, que é menos poluente do que outras alternativas. E, muitas vezes, essa reação pode ser realizada com água como solvente”, explica o professor Peter Bakuzis, do IQ. “Isso simplifica bastante a preparação de compostos que têm importância na indústria farmacêutica e na química fina em geral (agentes químicos usados em produtos comerciais)”.


Além disso, a água é um meio menos poluente e mais barato do que os solventes convencionais, o que torna o produto final mais viável comercialmente. A partir da Reação Suzuki foi possível sintetizar um grupo de compostos chamados epotilona, que permite criar novas drogas contra o câncer. “A molécula carbono-carbono interage com enzimas que acabam matando o tumor”, explica o professor da UnB.


Reações dessa natureza ocorrem normalmente em altas temperaturas. A vantagem da Reação de Suzuki é que ela ocorre em temperaturas mais baixas. “Energia custa dinheiro”, diz o professor Bakuzis. “É importante fazer a reação até em temperatura ambiente. Em algumas variações é possível realizar o acoplamento em temperaturas ambientes”.


IMPORTÂNCIA –
 As ligações carbono-carbono são condição fundamental para a existência de vida na Terra e podem ser encontrada em proteínas, carboidratos e gorduras. Animais e plantas são constituídos principalmente de ligações carbono-carbono criadas naturalmente, a partir da ação de enzimas. O desafio dos químicos é criar moléculas organizadas de forma artificial, para usar em medicamentos, polímeros, inseticidas, herbicidas e compostos orgânicos usados pela indústria eletrônica.


Peter Bakuzis explica que as grandes descobertas em Química não são, geralmente, grandes revoluções, mas melhorias de processos já existentes. “Algumas alternativas podem ser muito complexas. Simplificar já é um grande avanço”, diz.


HISTÓRICO –
 O convite para participar do encontro em Brasília surgiu após uma troca de e-mails com Carlos Kleber Zago, secretário-geral do encontro e professor da UnB. Em 2008, enquanto fazia o pós-doutorado na Espanha, o docente pediu auxílio de Suzuki para resolver um problema na pesquisa que realizava. O contato entre os cientistas permitiu que o convite fosse feito no início de 2010. “A descoberta dele é amplamente utilizada em universidades, laboratórios e indústrias. Por isso, decidimos trazê-lo”, afirma o professor.


A vinda do pesquisador ao Brasil ganhou destaque com o anúncio da premiação. “Foi uma enorme coincidência. Suzuki é muito conhecido por quem trabalha com química orgânica e por isso já seria uma honra tê-lo aqui”, conta o professor Carlos. “Como é um prêmio Nobel, é um evento que não ocorre todo dia na rotina da UnB. É muito importante”. O professor do IQ convida a comunidade acadêmica a participar da palstra Recebendo o Nobel de Química 2010. “Suzuki vai falar sobre a carreira e sobre a visão de ciência dele”, conta. “Especialmetne para quem está começando, é bastante inspirador. Até mesmo para que faz pesquisa há bastane tempo será memorável. É um evento a ser lembrado por muitos anos”.


Outros professores que participarão do encontro também farão parte da plateia. O evento reunirá 3 palestrantes nacionais e 18 internacionais. A palestra na UnB é aberta ao público. O Auditório Maior do IQ conta com 200 lugares. Um telão será instalado em outro auditório para exibir a palestra. Para participar do 14th Brazilian Meeting on Organic Synthesis é necessário estar inscrito.


Diferenças entre as descobertas dos químicos ganhadores do Prêmio Nobel de 2010


Richard Heck: trabalhou de 1968 a 1972 com a ligação carbono-carbono utilizando uma ligação carbono-halogênio e uma dupla ligação de carbonos catalisada pelo paládio

Ei-ichi Negishi: em 1977 pensou um método para ligar as moléculas de carbono a partir de uma ligação carbono-zinco e carbono-halogênio catalisadas por paládio

Akira Suzuki: em 1979, descobriu que era possível fazer a ligação carbono-carbono, com ligação carbono-halogênio e outra ligação carbono-boro, o que permitiu que a reação ficasse mais geral, ou seja, pudesse ocorrer em diversos meios com diferentes substrato