Alunos de bom rendimento acadêmico foram selecionados para integrar parceria com revista científica espanhola. Atividades começaram no verão passado

 

 

Fotografia/Secom UnB
Durante o último ano, 23 estudantes do curso noturno de Letras-Tradução Espanhol tiveram a oportunidade de ir além do conteúdo visto em sala de aula, atuando como profissionais da área. Por meio de uma parceria entre a UnB e a revista especializada Comunicar, cerca de 300 resumos de artigos científicos em espanhol foram traduzidos para o português em um trabalho colaborativo e não remunerado.


A jornada teve início ainda em janeiro, quando a coordenadora do curso, professora Magali Pedro, fez o convite a um grupo de 16 estudantes. Baseada em conhecimento prévio sobre os alunos, ela selecionou aqueles que demonstraram bom desempenho durante os períodos letivos anteriores e cujo perfil indicava que aceitariam a proposta, mesmo durante as férias de verão.


Eles receberam orgulhosos, enxergando o convite como uma oportunidade. "Era exatamente isso o que eu esperava", relembra Magali. Além dela, também atuaram como supervisoras do projeto as docentes, do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução (LET), Christiane Moisés e Marta Molina.


Depois do primeiro grupo, de 16 estudantes, foi formado outro, com sete, que prosseguiu com o trabalho durante o segundo semestre do ano. Segundo a professora, o profissionalismo demonstrado pelos integrantes foi exemplar e os resultados obtidos por meio da iniciativa foram além do esperado.


"Neste primeiro momento fomos pegos de surpresa com a possibilidade de realizar este trabalho, mas fizemos. O produto final foi elogiado pelo corpo editorial da revista", relata. A partir da experiência, a Universidade de Brasília e a Comunicar firmaram um acordo estendendo a parceria até outubro de 2020. Há possibilidade de que as traduções dos resumos torne-se disciplina de estágio supervisionado a partir de 2016.


RELEVÂNCIA - A revista Comunicar é uma publicação científica ibero-americana, predominantemente digital, especializada em temas de educação, mídias e comunicação. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) atribui a classificação Qualis A ao veículo, conceito mais elevado para periódicos científicos. Há versões completas em inglês e espanhol e traduções parciais em chinês e português. A coedição brasileira é coordenada pela professora da Faculdade de Educação (FE), Vânia Carneiro.


Especialistas de diversos países produzem conteúdo para a Comunicar, e foi com resumos de textos assim que os estudantes trabalharam. Durante o projeto, que durou até o mês de setembro, alunos e professores estiveram engajados na tradução de interface, apresentação e resumos de 17 edições da revista, do número 30, publicado em 2008, ao 46, de 2015.


"Não existe previsão de traduzirmos os artigos de forma integral para o português, apesar de ser algo que gostaríamos de fazer. Há outras questões, como a capacidade do sistema digital da própria revista", explica a coordenadora Magali Pedro.


Ainda de acordo com a professora, o convênio assinado não abrange apenas a continuidade das traduções, mas a difusão do conteúdo da revista na Universidade, por meio da criação de blogs e grupos de estudo em diferentes cursos. O Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução (LET) e a Faculdade de Educação (FE) já atuaram como parceiros nessa primeira fase.


CRESCIMENTO - Os 23 estudantes receberam certificados de atuação como tradutores no projeto. Aluna do 6º semestre de Letras-Tradução Espanhol, Eliana de Oliveira vivenciou sua primeira experiência profissional. Para ela, a sensação de ser reconhecida pela realização de um trabalho prazeroso foi algo marcante.


"Essa participação me ajudou muito na percepção do que é o curso, do que podemos ser como profissionais da tradução. A gente cresce muito com essas oportunidades", avalia.


Mariene Mota, colega de Eliana, agradeceu às professoras envolvidas pela confiança demonstrada ao apostarem em profissionais em formação e sem experiência alguma. A estudante espera que os frutos do projeto abranjam agora outros alunos.


"Nosso curso ganhou visibilidade. Acredito que os calouros vão entrar com uma visão diferente, de que é possível ter prática e não apenas teoria dentro da Universidade. Esse trabalho ainda está abrindo muitas portas", diz.


Já para a estudante Paula Nakayama, que integrou o segundo grupo, o mais importante na experiência foi a injeção de ânimo trazida pelo trabalho. "Era o que faltava desde o começo. Muitos alunos ficam desanimados quando chegam à metade do curso, sem perspectiva do que a carreira de tradutor pode oferecer. Tem bastante teoria e a prática fica muito confusa. Esse projeto ajudou a ver melhor. Agradeci muito à Magali, porque foi uma motivação para estudar com mais afinco", destaca. "Espero que haja mais parcerias como essa, inclusive em outras áreas de atuação para tradutores", completa.