Planta pode chegar a até 8 vezes o peso da espécie doméstica. A nova mandioca será distribuída a pequenos agricultores do DF.

Saiu de uma pequena horta na Estação Experimental da Universidade de Brasília a maior mandioca já desenvolvida por pesquisadores do campus. A raiz de 32 quilos é pelo menos três vezes mais robusta que a comum. A mandioca consumida em casa pesa entre cinco e 10 quilos.


A super mandioca foi gerada a partir de pesquisas do grupo do professor Nagib Nassar, do Departamento de Genética e Morfologia. O pesquisador cruzou uma espécie silvestre da mandioca com a comum para gerar outra com uma quantidade maior de amido e, ao mesmo tempo, com reduzido teor de toxinas. O amido é considerado altamente nutritivo para o ser humano.


A espécie silvestre usada pela equipe, chamada cientificamente de Manihot glaziovii, chega a 15 metros de comprimento. Por ter alta concentração de fibras nas raízes, é imprópria para o consumo. Ao cruzá-la com a variedade comum, os cientistas obtiveram um híbrido maior que a mandioca convencional, com raízes de até 1,8 metro, mas que ainda não podia ser levado à mesa.


Um novo cruzamento com a espécie comum, feito com o propósito de restaurar a concentração de amiga para tornar a mandioca comestível, resultou na mandioca gigante. O alimento pode ter entre 30 e 40 quilos e a maior parte é composta de amido. A mesma técnica deu origem à espécie resistente à praga do mosaico africano.


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Além do tamanho incomum, a mandioca apresenta uma quantidade reduzida de ácido hidrocianico (HCN), substância tóxica para o organismo. A concentração na mandioca comum chega a 200 miligramas por quilo, enquanto na espécie modificada é de apenas 10. “O HCN é responsável por doenças na tireóide, comuns em regiões onde existe alto consumo da planta, como o Nordeste e a Amazônia”, explica Nagib.


Batizada de UnB 310, a nova mandioca será distribuídas entre pequenos agricultores do Distrito Federal. Eles vão plantar e comercializar a raiz. “A partir desse espécime vamos produzir outras 40 plantas”, conta Nagib. Segundo o professor, cada planta produzirá até dois anos entre 100 e 200 estacas – fragmentos das raízes que podem usados para o plantio no lugar de sementes.


As técnicas usadas pelo professor Nagib Nassar dispensam a manipulação genética das plantas. Os cruzamentos são feitos depositando o pólen das flores macho nas flores fêmeas. Professor emérito da universidade, Nagib estuda há 35 anos o cruzamento de diferentes espécies de mandioca para obter variedades mais nutritivas e resistentes. A experiência de 30 anos permitiu identificar as melhores espécies para fazer os cruzamentos.


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Outro resultado importante foi a produção de variedades ricas em caroteno, substância associada a produção de vitamina A.