Em visita à UnB, a pesquisadora brasileira de unidade da Nasa Rosaly Lopes falou da Missão Cassini à órbita de Saturno e comparou características geológicas com o nosso planeta.

Titan, a maior lua de Saturno, possui processos geológicos muito parecidos com os da Terra. A afirmação é da cientista Rosaly Lopes, especialista em astronomia dos planetas integrante de grupo de pesquisa da Nasa que esteve na Universidade de Brasília nesta segunda-feira, 7 de novembro. “Em Titan, que é um satélite natural sólido de um planeta gasoso, há dunas, montanhas, ciclones, tectonismo, vulcanismo, erosões, rios e lagos”, explicou a pesquisadora aos alunos. Os cientistas analisam a geologia de Titan a partir de dados e fotos enviadas pela sonda Cassini – a maior aeronave enviada pela Nasa ao espaço exterior – além da linha de asteroides que divide o Sistema Solar.


Os cientistas estimam que a “areia” das dunas é composta por gelo e partículas de hidrocarbono. Elas são similares àquelas encontradas na Terra, mas com dimensões de centenas de quilômetros. Já o “magma” em Titan deve ser água ou água e amônia, segundo os pesquisadores. "O relevo de Titan possui rios, lagos, canais e bacias. No entanto, aquilo que aqui seria água, lá seriam metano e amônia em estado líquido", esclareceu a especialista. Outra curiosidade é que os lagos da maior lua de Saturno recebem nomes iguais aos que existem na Terra de acordo com seus contornos semelhantes.


Nascida no Brasil e formada em astronomia pela Universidade de Londres, Rosaly Lopes mora há 22 anos fora do país. Especialista em astronomia planetária, ela é pesquisadora sênior do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) do Instituto de Tecnologia da Califórnia. 

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Enviada ao espaço em 1997, após sete anos de viagem, a sonda Cassini chegou a Saturno, em 2004. Os objetivos da missão, composta pela Nasa e pela Agência Espacial Européia, são verificar a magnetosfera do planeta e a atmosfera de Saturno e suas luas. Além disso, a sonda captou detalhes nunca vistos dos famosos anéis. “Os anéis são formados por partículas de gelo muito pequenas, de alguns mícrons, até alguns metros chegando a alcançar o tamanho de casas”, expôs Rosaly Lopes. A missão Cassino deve encerrar em maio de 2017.


COOPERAÇÃO –
 A visita de professora Rosaly Lopes foi possível graças à ação do Comitê Aeroespacial da UnB, composto por uma equipe multidisciplinar de professores de diferentes cursos e campi. O grupo também é responsável pelo primeiro curso de Engenharia Aeroespacial, que terá sua primeira turma no primeiro semestre de 2012, funcionando na Faculdade UnB Gama.


Segundo Manoel Barcelos, professor de Termodinâmica da Faculdade UnB Gama e membro do Comitê, o grupo de professores atende a uma demanda por cursos na área de tecnologia no país. “A Engenharia Aeroespacial representa um movimento crescente no Brasil todo. Talvez isso tenha ocorrido com um pouco de atraso, mas hoje existe mercado em várias áreas relacionadas com o campo aeroespacial e mesmo em outros setores correlatos”, explicou.


Carlos Gurgel, professor de Mecânica da UnB, explicou que o Comitê participa de ações de cooperação com universidades da Ucrânia nas áreas de propulsão química e elétrica “Os ucranianos são especialistas em propulsão, tanto química quanto elétrica, mas nós também podemos contribuir”, afirmou.


Paolo Gessini, professor e também membro do Comitê, contou que dez alunos de mestrado da UnB ficarão sete meses em universidades ucranianas para aprimorar seus conhecimentos. Os estudantes viajarão em dezembro deste ano.


Rosaly Lopes concorda com o momento favorável vivido na área. “O Brasil está crescendo muito em Engenharia Aeroespacial. Vou fazer o possível para conseguir estreitar laços entre o Brasil e a minha instituição nos Estados Unidos”, afirmou.


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