A Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea também conquistou o mais alto nível de excelência da Capes pela qualidade dos debates promovidos

Foto: Camila Alves/Agência Facto

 

Em um mundo com informações cada vez mais fragmentadas, as revistas têm se reinventado para continuar afirmando a importância das publicações no cenário da comunicação. É o caso da revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, que surgiu em 1999 no Instituto de Letras (IL) da Universidade de Brasília. Devido à qualidade nos debates sempre atuais sobre literatura e sociedade, desde o início a publicação possui Qualis A1, nível mais alto de classificação da produção científica realizada nos programas de pós-graduação no país dado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

Gerida pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea do Programa (GELBC) da Pós-Graduação em Literatura (Póslit) do Departamento de Teoria Literária e Literaturas do IL, a revista tem o propósito de dialogar com representações culturais.

 

Seu principal foco é fomentar questões que envolvem literatura contemporânea e sociedade, buscando encadear as ideias com assuntos atuais e criar espaços de debates críticos. Por exemplo, ao longo da história da publicação, houve ênfase nas atuações de grupos marginalizados – baseados em gênero, raça e classe – e interações da literatura com outras áreas, como política, memória, novas mídias e jornalismo.

 

“A classificação A1 é resultado de um trabalho árduo de adequação aos padrões internacionais de publicação e consequência do compromisso que temos com a qualidade”, enaltece a editora-chefe Regina Dalcastagnè , que também é jornalista e professora de literatura brasileira na UnB.

Editora-chefe Regina Dalcastagnè acredita que exclusividade do tema é um dos fatores que fazem da publicação uma revista A1. Foto: Amália Gonçalves/Secom UnB

 

Uma das particularidades da revista é ser a única no cenário brasileiro a discutir exclusivamente a literatura brasileira contemporânea e, ao mesmo tempo, compor o sistema SciELO.  Dalcastagnè ressalta que a qualidade e o objetivo claro da revista tornaram-na referência na área de estudos. “O fluxo de artigos de pesquisadores de diferentes universidades do exterior é uma comprovação”, afirma a coordenadora do GELBC e do periódico.

 

“Seu reconhecimento pelo público e sua classificação como A1, sem dúvida, agregam um prestígio que inegavelmente faz do programa uma referência quando se trata de literatura brasileira contemporânea”, completa.

 

A professora reforça ainda que a classificação nesse estrato garante à revista a possibilidade de integrar indexadores de maior prestígio e acessar outras fontes de recursos, como os editais da Capes e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Desse modo, a publicação é divulgada para um número expressivo de leitores. A pedido de bases de dados, a revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea possui a frequência de três números por ano.

 

Regina Dalcastagnè foi a idealizadora do GELBC e do projeto da revista e atualmente também é referência em pesquisas sobre o assunto. O periódico conta em sua estrutura com editora-assistente; núcleo editorial, integrado por estudantes e colaboradores, responsável pela produção editorial e divulgação; comissão editorial, composta por professores brasileiros e estrangeiros, responsável pela avaliação de artigos; e conselho editorial, com pesquisadores da UnB e de outras universidades do Brasil e do mundo, corresponsável pela política editorial e avaliação de artigos.

 

Hoje a revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea está disponível gratuitamente para ser visualizada e baixada nos portais da Plataforma de periódicos científicos da Universidade de Brasília, da Plataforma SciELO, e do site do grupo de pesquisa GELBC. O programa de Pós-Graduação em Literatura da UnB mantém também a produção da Revista Cerrados.

 

“As revistas ocupam lugar importante no processo de difusão do conhecimento, dos estudos e das pesquisas que são desenvolvidos dentro do Póslit, que hoje é conceituado com nota cinco na Capes”, explica o coordenador do Póslit, professor Danglei de Castro Pereira, ao lembrar que dentro do Centro-Oeste, o programa tem a melhor nota entre os avaliados. Pereira ressalta que as publicações têm a função de congregar e divulgar pesquisas e construir um espaço para que sejam lidas no país inteiro e no mundo.

Professor Anderson da Mata integra o Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea há 17 anos. Foto: Camila Alves/Agência Facto

 

Mesmo com tamanha referência no assunto, a Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea passa por algumas dificuldades no processo de financiamento da produção. "É uma revista que circula muito e as pessoas nos procuram para organizar dossiês temáticos, pois sabem que ainda existe um espaço que muitas revistas importantes deixaram de ter por pressão de agências”, afirma Anderson da Mata, pesquisador, professor de Teoria Literária e integrante da comissão editorial da revista. “Nos últimos anos, conseguimos nos financiar pelo CNPq, mas o último edital demorou a ser lançado e provocou expectativa, porque a revista tem um custo alto. Estamos vivendo um momento tenso", relata.


GELBC E REVISTAS – No dia 4 de abril de 1997, o Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea foi criado na Universidade de Brasília, movido pela vontade de dialogar sobre literatura contemporânea e relacioná-la com as representações de movimentos sociais e culturais. Com o tempo, o diálogo tornou-se maior dentro do país, com espaços para cordel, rap e  quadrinhos, por exemplo, e fora dele também, principalmente na América Latina. “Se não me engano, o primeiro encontro foi sobre o romance Cidade de Deus, do Paulo Lins, que tinha acabado de ser lançado em 1997 e hoje já é quase que um clássico”, conta Anderson da Mata.

 

Ele lembra que a revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea surgiu como consequência das atividades do grupo, que pretendia publicar suas conversas para que mais pessoas pudessem ter acesso às problematizações. O que antes funcionava como roda de leitura com reuniões quinzenais do grupo passou, com o tempo, a ser um espaço onde se pensa mais criticamente sobre a produção literária na sociedade brasileira.

 

Desde então, o GELBC propõe-se a analisar o cenário contemporâneo, buscando ligações do campo específico literário com outras formas de expressão. As recentes linhas de pesquisa mostram preocupação com a atualidade: estudos de gênero e diversidade sexual, literatura e outras expressões artísticas, parâmetros críticos contemporâneos, representações de grupos marginalizados, trânsitos migratórios e vida literária no século XXI.

 

O grupo também promove debates críticos sobre literatura na Universidade e em outros eventos, como o Simpósio Internacional sobre Literatura Brasileira Contemporânea, que ocorre na UnB, e o Colóquio Internacional de Literatura Brasileira Contemporânea, realizado em diferentes instituições do mundo afora.

 

Agora, em 2017, o GELBC comemora 20 anos de existência e conta com quase 40 professores de instituições do Brasil e do exterior, além de pesquisadores, colaboradores e estudantes de graduação e de pós-graduação. Para comemorar, lançou neste ano o Edições Carolina, em homenagem a Carolina Maria de Jesus. A publicação pretende dar voz aos estudos e às reflexões sobre o momento atual, seja na literatura ou em outras formas de cultura.

Acessos à revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea no SciELO desde 2015


CURIOSIDADES PRÁTICAS – Nos primeiros anos, o resultado das discussões dos encontros do GELBC era publicado em boletins impressos para que circulassem pelo departamento com os estudantes interessados. Porém, em 1999, esses documentos transformaram-se na revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. No ano de origem, ela tinha formato de folheto, com publicações bimestrais, que somente depois deram espaço para a produção impressa no formato de caderno.

 

Em 2003, a periodicidade se tornou bianual e a revista assumiu o formato atual de artigo e de caderno impresso. “Ela ganhou força justamente no momento em que a Universidade passou a ter mais recursos”, afirma Anderson da Mata.

 

Em 2012, a partir da edição nº 40, cujo tema era Estética dos Vestígios, passou a ser publicada apenas em formato digital, o que contribuiu para ampliar o acesso do público ao material. Hoje, somente on-line, soma 51 edições publicadas e está em indexadores como SciELO, Scopus, DOAJ, Redalyc. É a principal referência nesta área de estudos.

 

Com média de 32 artigos publicados por ano, cada revista conta com uma seção temática discutida e proposta pelos integrantes do grupo. Artigos de pesquisadores que possuem relação com o tema proposto também geralmente integram os números do periódico, pois não há limite estabelecido.

 

>> Acesse a edição n° 52, Horizontes da escrita

 

As próximas edições de Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea já estão com os temas decididos: a nº 53 será Contemporaneidades Ameríndias e a nº 54, Literatura e outras alteridades. A nº 55 tratará da Autoria na cultura do presente e está com chamada aberta para receber artigos.

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