Febre, vermelhidão e sangramento foram os sintomas mais comuns nas crianças acompanhadas por pesquisa da UnB.

A pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB), Lúcia Alves da Rocha, descreveu e quantificou os sintomas mais comuns nos 322 meninos e meninas, de até 15 anos, com dengue, atendidas nos prontos socorros da Criança de Manaus e na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, nos anos de 2006 e 2007.


Febre alta foi o único sintoma encontrado em todos os pacientes analisados no estudo. Manchas avermelhadas na pele foi a segunda característica mais observada. Dos meninos e meninas acompanhados, 65,5% apresentaram esse sintoma. Sangramentos a partir do quarto dia de doença, com 56,8% dos casos, dores de cabeça, com 51,5%, e vômitos, com 35,1%, foram outros dos sintomas mais descritos (veja quadro abaixo).


A pesquisadora relatou também as situações mais comuns às crianças que desenvolverem a forma grave da doença. Diagnóstico de dengue anterior causada por outro sorotipo, tomar medicamentos à base de ácido-acetilsalicílico, a aspirina, demora para chegar à primeira consulta, e dores abdominais de qualquer intensidade e em qualquer fase da doença foram os principais deles.


Segundo o professor Pedro Tauil, do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e orientador da pesquisa, o estudo contribuiu para que o médico, nos primeiros atendimentos, possa perceber se aquela criança está mais ou menos exposta ao risco de ter a forma grave do dengue. “Como a sintomatologia da dengue é parecida com a de outras enfermidades que acometem meninos e meninas, médicos e enfermeiros precisam redobrar a atenção quando a suspeita é em crianças”, afirma. Para a diretora do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Elza Noronha, o estudo tem sido de grande importância para os agentes de saúde. “Utilizamos o trabalho para o treinamento dos nossos médicos, especialmente no cenário atual de epidemia da dengue”, revela.


ERROS -
Um diagnóstico errado foi o que atrasou o início do tratamento de Gielison Alves Rodrigues, 12 anos, por dengue, em janeiro deste ano. O menino chegou ao posto de saúde de São Sebastião, cidade do Distrito Federal, com fortes dores de cabeça e 40 graus de febre. Depois de feitos exames de sangue e urina, o diagnóstico foi de infecção urinária. “O médico prescreveu um remédio para a infecção e nos mandou de volta para casa”, conta a mãe do garoto, Antônia Barbosa Alves.


Depois de tomar a cartela com dez comprimidos do medicamento indicado, durante três dias, o menino voltou ao posto de saúde com dores por todo o corpo e febre alta. “Ele mal conseguia andar”, descreve Antônia. No mesmo dia, foram feitos novos exames e os médicos suspeitaram de dengue. O remédio para a infecção foi suspenso imediatamente e pedidos novos exames. Ao retornar no dia seguinte para pegar os resultados, o menino foi enviado de ambulância ao Hospital Regional da Asa Sul (HRAS). “Achei que meu menino fosse morrer”, lembra. Gielison foi internado com suspeita de dengue hemorrágica, só descartada com novos exames que apontaram para o baixo número de plaquetas. Os sintomas só desapareceram completamente após 20 dias.


Antônia recebeu a visita de agentes da Vigilância Sanitária, mas nenhum foco do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, foi encontrado em sua casa. “Viro as vasilhas de cabeça para baixo, não deixo água parada. Sempre fiz tudo certo. Mas me disseram que esse mosquito voa longe mesmo”, afirmou.


Segundo o coordenador do Programa de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho, a melhor maneira de diminuir os casos de dengue é combatendo os focos de acúmulo de água. Esses locais são propícios para a criação e reprodução do mosquito transmissor da doença.