Caracterização inédita de glândula do Gymnodactylus amarali permite identificar gênero de lagarto. UnB teve outras seis premiações no congresso

 

Anderson de Lima e sua orientadora, Júlia Klackzo, enfatizam que a parceria intra e interinstitucional é base para trabalhos de qualidade. Foto: Amália Gonçalves/Secom UnB

   

Anderson de Lima não buscava um prêmio quando expôs seu trabalho na 70ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Mesmo após a menção honrosa em um evento de reptologia que levou ao convite para a apresentação na SBPC, ele ficou muito surpreso com o resultado. “Minha área de pesquisa não costuma ser contemplada com prêmios, fiquei muito satisfeito”, conta.

 

Em sua quarta participação no Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), ele pesquisa lagartos por inspiração de seus orientadores. “Os dois que tive para esse trabalho são muito empolgados com reptologia e isso é muito estimulante para o que quero fazer no futuro”, lembra.

 

“Ele é um aluno excelente. O trabalho ter ficado tão bom é mérito dele”, diz a professora Júlia Klaczko, orientadora de Anderson. Para o estudante, só houve a possibilidade de chegar tão longe graças a articulação de seus orientadores: as análises foram feitas em laboratórios aos quais ele teve acesso por meio de contatos estabelecidos por eles e os empréstimos dos espécimes comparados vieram de coleções de outras instituições.

 

“A cooperação é o que leva a ciência adiante. É preciso preservar os acervos de coleções", lembra a docente. Essa cooperação pode ser vista tanto na troca entre exemplares quanto no trabalho conjunto desenvolvido por Anderson, a docente e seu outro orientador, professor Antonio Sebben, hoje aposentado. “Fui seu orientando nos quatro Pibics. Tenho grande estima por ele, que teve uma contribuição fundamental na minha formação nesses quatro anos”, elogia Anderson.

 

Quando Sebben se aposentou, Júlia tornou-se coorientadora e agora a parceria segue no mestrado. O trabalho conjunto deu tão certo que o artigo de Anderson sobre o Gymnodactylus amarili foi aceito no Biological Journal of Linnean Society, periódico que já publicou pesquisas de Darwin. 

Grupos-irmãos de lagartos foram utilizados na comparação com o Gymnodactylus amarali. Foto: Amália Gonçalves/Secom UnB

 

INEDITISMO — Em uma das saídas de campo na qual buscava outro tipo de lagarto, Anderson encontrou o exemplar de Gymnodactylus amarili e decidiu levá-lo para estudo. Ao começar a análise, ele percebeu que não era possível identificar se o indivíduo estudado era macho ou fêmea. Ao investigar mais, o mestrando notou a glândula cloacal presente em machos e vestigial, em fêmeas. Esse órgão até então não havia sido descrito na literatura.

 

O método utilizado por Anderson passou por coletas em campo e empréstimos de coleções de outras universidades. Da coleta, vieram as descrições morfológicas e dos empréstimos a comparação com oito espécies e três gêneros Phillodactylidae e cinco espécies e três gêneros de Gekkonidade.

 

As outras espécies do grupo-irmão – grupo externo filogeneticamente mais próximo do estudo – não apresentam essa glândula feromonal próxima ao ânus. “Nossa hipótese é de que a glândula desempenhe um papel importante na dinâmica da comunicação química das espécies”, sugere.

 

Cinco coleções de Universidades cederam os espécimes e três laboratórios da UnB disponibilizaram espaço para as análises como a microscopia eletrônica de varredura. “As apresentações feitas pelos meus orientadores abriram essas oportunidades”, relata o aluno. “Mas isso é porque ele faz com que seus trabalhos sejam uma prioridade, é muito inteligente e tem muita força de vontade”, elogia Júlia.

 

Anderson sempre ouviu dos orientadores suas histórias e acha que isso pode mostrar para os estudantes como é o caminho. “Quero levar comigo os ensinamentos porque também pretendo ser professor. Espero ter esse brilho no olhar dos meus orientadores”, conclui.

 

OUTROS PRÊMIOS — Outros seis autores da UnB tiveram seus trabalhos premiados na 70ª reunião anual da SBPC

>> Lucas Gabriel Ferreira Coelho - Leveduras associadas a frutos nativos do cerrado do Distrito Federal;

>> Ana Luísa de Gouvêa da Silva - Avaliação da eficácia e da citotoxicidade das nanofolhas de óxido de grafeno associadas ao cloreto de alumínio-ftalocianina como agentes para terapias fotodinâmica e fototérmica in vivo;

>> Samuel Gustavo Alves Araújo - Implementação em visual basic de soluções analíticas de problemas de contato;

>> Adriano Casemiro Nogueira Campos de Sousa - O significado político da fotografia de imprensa: o caso do balotaje na Argentina;

>> Antonia Ferreira da Costa - A produção acadêmica sobre professores(as): estudo interinstitucional da região Centro-Oeste: profissionalização dos egressos do curso de Pedagogia da FE/UnB;

>> Bárbara Luísa de Moura - Impressões preliminares dos professores iniciantes da SEDF sobre a carreira docente.

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